domingo, 13 de março de 2011

Paisagens de São Paulo

São Paulo constitui-se em território imenso e complexo, prova viva de que o mundo se realiza nos lugares, - haja vista a expressão de suas paisagens, juntamente com a ideia de como elas se formaram ao longo do tempo.


A diversidade espacial paulista deve-se, em grande parte, à capacidade de seu território de atrair e conectar-se com o mundo - pessoas, ideias, produtos aqui chegam por muitas razões, viabilizadas pela enorme integração (aérea, terrestre e marítima) que o estado possui com  outros lugares e regiões do Planeta.


Possuindo três dos maiores aeroportos do país (Cumbica, Congonhas e Viracopos), uma densa rede viária e a proximidade com o Porto de Santos, São Paulo integra-se a um sistema planetário de fluxos. Sem contar os fluxos informacionais, mais difíceis de serem mensurados, mas com grande implicações para a vida nesta contemporaneidade - rádio, TV, telefone celular, internet trazendo o mundo até nós, nos modificam pela assimilação da moda, de gostos, de cultura de outros lugares, agindo sobre nossa consciência, sobre nossos desejos.







Pode-se pensar qual o impacto causado no grande contingente de brasileiros pobres, em todas as regiões do país, ocasionado pela  maciça divulgação de uma terra das oportunidades - que oferece trabalho e abrigo para todos. Ainda há poucos estudos dessa psicosfera alimentada por uma ideologia poderosa, a qual é motor dos movimentos migracionais brasileiros.


Conectando a capital - a cidade de São Paulo - com as enormes regiões do interior paulista, além do sistema aéreo, temos importantes rodovias como Anhanguera, Bandeirantes, Washington Luís, Raposo Tavares e Castelo Branco, por onde circulam, além de viajantes e trabalhadores, grande parte da riqueza produzida no interior do país, com destino às regiões mais populosas (como Campinas ou a Grande São Paulo), ou mesmo para exportação.


As regiões agrícolas como aquelas no entorno de cidades como Limeira e Ribeirão Preto, por exemplo, sendo comandadas de fora, organizando paisagens agrícolas com base na monocultura de exportação como aquelas para produção de laranja, cana de açucar indústria, não têm, muitas vezes, suas necessidades criadas nas reais demandas do povo brasileiro. 




Tanto na formação da demanda, quanto na determinação de como e o que será produzido, há grande determinantes externos. E isto exige, além das conexões para circulação dos produtos, um vasto sistema de circulação da informação (ideias, dados, ordens) entre os centros de comando (distantes milhares de quilômetros) e as áreas produtoras.


Há outros elementos de conexão com o mundo exterior como as universidades, e as multinacionais. Na maioria das vezes, as pesquisas e a produção acadêmica ou empresarial decorre, não das necessidades dos paulistas ou brasileiros em geral, mas de interesses internacionais, em detrimento dos nacionais. Infelizmente, este tipo de neocolonialismo velado ainda é bastante presente em nosso país.





Nossa grande utopia é que todo o potencial produtivo e humano existente em São Paulo seja colocado a serviço do seu povo, para a satisfação das necessidades das pessoas que nele vivem. E que haja a transformação do território como recurso para, de fato e de direito, um território abrigo. Um verdadeiro espaço banal para todos os brasileiros e estrangeiros que aqui vivem.



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